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Viva, e então sobreviva

Ultimamente os dias têm parecidos semanas. Mas no fim das contas, foram apenas dias. Vivo uma semana em 24 horas. As semanas parecem meses. Só encontro alivio no cansaço. Me pergunto, as vezes, se vai ser sempre assim. O ano inteiro passando como se fosse uma década. O tempo parece que parou. Onde? Não sei.

Viver de mais é perigoso, chega uma hora que, de tanto já termos vivido, não há mais o que acontecer. Resta apenas fugir, fazer acontecer em outros lugares. Disfarço meu desespero nos problemas, vivo me escondendo atrás de um par de óculos escuros, para que ninguém veja minha alma suja e sem vida.

Tenho vivido para quem? Para o que? Talvez esteja vivendo por pura inércia do sistema, inércia do meu "eu" do passado que me empurrou nesse vácuo e eu permaneço nesse movimento sem ter como parar, preso a mim, preso a tudo e a nada. Apenas tenho que seguir e fingir que estou alegre por, no fim das contas, talvez esbarrar nos meus sonhos, que se perderam por aí. Vivo para sobreviver.

Viver sendo mola. Viver numa constante. Viver numa fuga eterna. Viver das manhas. Viver como se hoje fosse o ultimo dia. Viver. Antes de tudo, Viver.

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