Paro de frente pro espelho, me observo e logo dou por conta. Todos temos um inimigo em comum consigo mesmos. O "eu". Não há coisa pior na vida. Ser seu pior inimigo, abrigar dentro de si o pior de tudo, o mais cruel de todos, seu maior rival. Dois de mim, cada um mostrando seu pior e seu melhor. Brigam em uma luta silenciosa e totalmente espalhafatosa. Sem hora nem lugar marcado, só um limite, o meu corpo. A situação é na solidão, onde não há regras, não há espectadores, não há censura, não há nada, caso contrario já não seria solidão. Só. Na briga oscilo entre a mais plena sanidade e a mais pura loucura. Sou um relógio, sou o pendulo. Inconstante. Aquele poema que diz que metade de mim é a outra aquilo, se encaixa perfeitamente aqui. Metade de mim é vida e a outra é morte. Enquanto me dou esperanças, para me manter vivo, meu rival me priva dela, com um tapa na cara e diz "Acorda! Essa não é sua vida, caia na real" nessa hora ele vence. Quem é o mais forte...